Dois anos e seis meses depois da goleada por 4x0 sobre o Vélez, pela semifinal de 2022, o Flamengo voltou a vencer fora de casa na Libertadores. Mas certamente o sentimento do torcedor rubro-negro não é necessariamente positivo nesta noite. O time não fez uma boa partida. Criou pouco e trabalhou em ritmo arrastado na confirmação da vitória magra em San Cristóbal. Juninho precisou de segundos em campo e apenas um toque na bola para selar o triunfo diante de um adversário de nível técnico baixíssimo. Talvez em virtude disso, o comportamento dos jogadores do Flamengo tenha sido tão distinto da maioria dos jogos comandados por Filipe Luís. Além dos naturais problemas táticos com os desfalques, faltou intensidade. Sobrou desconcentração.
O técnico Edgar Pérez Greco surpreendeu ao escalar um 5-4-1, algo pouco usual nos últimos jogos do Táchira. Já Filipe Luís não teve Wesley, Gérson, Plata e Arrascaeta. Varela foi o lateral-direito. Ayrton Lucas assumiu a lateral-esquerda. Alex Sandro começou no banco. No ataque, uma linha de frente com Luiz Araújo, Bruno Henrique, Michael e Cebolinha.
O Táchira sabia que tinha chances remotas de surpreender o Flamengo, e o comportamento agressivo certamente poderia diminuir a distância técnica entre as equipes. Entrou em campo desta forma. Teve uma abordagem forte de marcação desde os primeiros minutos e até tentou ataques rápidos neste período, principalmente ao tentar acionar Carlos Sosa, infiltrando entre Léo Pereira e Ayrton Lucas. Requena não pensava duas vezes ao buscar essa condição. Rosales e Tamiche ocupavam os flancos. Saggiomo circulava da esquerda para dentro. Cova tentava se conectar com os homens de frente.
Aos poucos o jogo foi tomando o caráter esperado. O rubro-negro se instalou no campo de ataque para tentar achar espaços diante de uma equipe que já marcava mais atrás em seu 5-4-1. Conseguiu algumas boas ações de Varela variando da direita para o meio. Como Michael ocupava este flanco em grande parte dos ataques, restava ao lateral traçar diagonais e encaixar passes na direção da área. Luiz Araújo e Bruno Henrique chegaram a ter boas oportunidades em combinações assim, mas não marcaram.
O Flamengo, porém, não manteve a eficácia de cerca de 15 minutos em sequência. Deixou o ritmo cair, não produziu mais. Muito da lentidão para circular a bola vem da dificuldade que os quatro homens mais avançados possuem de trabalhar em espaços curtos, de costas para a meta adversária, entre a defesa e o meio-campo do Táchira. Alguns movimentos foram até feitos de forma coordenada para gerar as linhas de passe e entrar na área, mas a dificuldade de tomar a melhor decisão era visível.
Filipe Luís esperou dez minutos para fazer as três primeiras trocas. Alex Sandro, Allan e Juninho entraram nos lugares de Ayrton Lucas, De la Cruz e Michael. No minuto seguinte às mexidas o Flamengo abriu o placar. Everton Cebolinha correu para evitar que o passe em profundidade de Alex Sandro saísse, cruzou na área, e Juninho marcou de peito após o desvio de Bruno Henrique na primeira trave. Foi praticamente a primeira e única jogada de linha de fundo do rubro-negro no jogo.
Edgar Pérez Grecco tentou aumentar o potencial ofensivo de sua equipe com a entrada de Lucas Cano, centroavante argentino. O Táchira naturalmente perdeu capacidade de marcação e o Flamengo pôde administrar o resultado ao reter a bola dentro do campo rival. Permaneceu, no entanto, sem agressividade. Filipe Luís colocou em campo o jovem zagueiro João Victor no lugar de Everton Cebolinha. O time passou a jogar com três zagueiros, mas nem isso foi o suficiente para impedir grandes sustos nos acréscimos. Balza finalizou com liberdade duas vezes dentro da grande área e perdeu a oportunidade de dar um desfecho diferente ao jogo.
Comentários do Facebook -