Foto: Marcelo Baltar
Publicamente o assunto ainda é pouco abordado, mas nos bastidores a eleição do Flamengo já começou. A política do clube respira o pleito de dezembro, e o cenário ainda é incerto, embora, aos poucos, nomes surjam e alianças comecem a ser costuradas. Presidente do Conselho Deliberativo, Rodrigo Dunshee confirmou a pré-candidatura.
O cenário começa a se desenhar. Nesta terça, o SoFla - grupo que apoiou Eduardo Bandeira - se reúne para decidir que caminho tomar. A união com a oposição é uma forte possibilidade. Extraoficialmente, Rodolfo Landim vai concorrer pela Chapa Verde. O vice-geral Maurício Gomes de Mattos também é pré-candidato. Marcos Bráz é outro que tem influência e pode concorrer. Candidato em 2015, Cacau Cotta deve vir novamente.
O nome da situação ainda é uma incógnita, e é aí que entra Rodrigo Dunshee, embora sua candidatura não dependa de Bandeira. O prazo para o registro das chapas termina em 10 de setembro.
Filho de Antônio Augusto Dunshee de Abranches, presidente campeão mundial em 1981, casado, e pai de um menino de 11 anos, Rodrigo circula entre os poderes do Flamengo há décadas e é um nome que pode ajudar a unir situação e oposição, assim como Landim. Dunshee se apresenta como opção para promover a pacificação na política rubro-negra, afirma ter apoio em todas as alas - inclusive no SoFla -, mas ainda planeja submeter seu nome oficialmente às principais chapas.
- Existe um movimento grande. A ideia seria que todos caminhassem juntos. Se não for possível, que tenhamos a maioria. A grande vantagem é que, se amanhã eu virar presidente do Flamengo, tanto o Eduardo (Bandeira) quanto a oposição serão tratados em alto nível. São meus amigos. Queremos a pacificação do clube em prol do futebol.
- Um clube dividido é ruim para o Flamengo. Teve a briga entre os dois grupos antes da última eleição e eu tenho amigos de um lado e do outro. Temos que tentar pacificar. O meu nome pode trazer a pacificação – disse Dunshee, em entrevista ao GloboEsporte.com
Sócio de um escritório de advocacia, Dunshee, 51 anos, frequenta o dia a dia do Flamengo desde criança, mas foi no início da década de 90 que ingressou na política do clube como conselheiro. Foi eleito vice geral em 1998 com Edmundo Santos Silva, mas rompeu com o então presidente após três meses e foi um dos responsáveis pelo impeachment em 2002.
Retornou em 2013 como vice presidente do Conselho Deliberativo e assumiu a presidência em 2015. Até por isso afirma ter participado de toda a mudança orçamentária do Flamengo. Segundo ele, um caminho irreversível.
- Participei desse projeto do Eduardo desde o início. É um caminho sem volta no Flamengo. Eu ajudei a aprovar a Lei de Responsabilidade. Se um cara for safado, hoje em dia vai encontrar dificuldade. O dirigente hoje tem que seguir o orçamento ou terá problema pessoal. Antigamente, o cara arrebentava o clube e ficava tudo bem. Aprovamos a lei por unanimidade.
Futebol na mira
Rodrigo é presidente do Conselho Deliberativo. (Foto: Marcelo Baltar)
A ideia é unir o que há de bom do novo e do velho Flamengo. A modernização e a responsabilidade fiscal, com a alma rubro-negra. O que isso significa? Treinos esporádicos na Gávea, e o futebol mais próximo de conselheiros e torcedores. Para o pré-candidato, essa sempre foi a receita de sucesso do futebol.
Dunshee, no entanto, pondera ser impossível se apresentar como oposição a Eduardo Bandeira. Afinal, como poderia atacar um presidente que ajudou a sanar as finanças do Flamengo? No futebol, no entanto, ele aponta muitos erros, vê o clube fechado, não entende a demora para a contratação de um novo treinador e afirma que o atual modelo não funcionou.
- Ele pode ter errado no futebol, mas acompanhei as finanças de perto e não vi nada de errado durante a gestão. Ele vai ser um ex-presidente importante na história do Flamengo, apesar do futebol. Futebol é mágica, mas tem coisas básicas.
- O Eduardo é muito Flamengo, quer acertar, mas acaba errando. Ele se isolou e depois entregou o futebol ao Rodrigo Caetano, que não entendeu o que é o Flamengo. O futebol ficou isolado. Ah, mas vai ter cobrança? Às vezes a cobrança é boa. Ele (Bandeira) sabe que errou. Não posso ver o Flamengo assim e não fazer nada. As coisas fora de campo estão indo bem, mas o futebol está péssimo. Temos que nos unir para resolver isso.
Políticas externa e interna
Dunshee diagnostica o isolamento como um dos problemas do futebol, mas também aponta a atual política externa como vilã. Segundo ele, o Flamengo se afastou de federações e tribunais, onde não tem mais representantes. Isso estaria enfraquecendo o clube.
Internamente, Dunshee também aponta erros e ressalta que Bandeira poderia ter procurado ajuda dentro do clube para o futebol.
- Tem pessoas boas dentro do Flamengo que podem ajudar, mas o Eduardo é muito fechado. Ele tentou. O Guerrero foi uma grande contratação, o Diego... Ele foi um administrador muito correto, mas o Flamengo é um clube de futebol.
- Muita gente poderia ter ajudado. No dia a dia do clube você tem vários ex-vice de futebol, com muita vivência, que não são ouvidos, como Eduardo Mota (vice presidente campeão do mundo), Jorge Rodrigues, Marcos Braz, Paulo Dantas... Tem que ouvir os caras que fizeram o Flamengo. O Flamengo é um clube centenário, tem história e não começou agora – concluiu.
Gostei das palavras do cara parece que tem Flamengo no sangue.
parece ser um bom nome para presidencia , as ideias sao boas.