Em uma estrada de terra, depois de um portão típico daqueles de fazenda, uma casa com piscina, área com churrasqueira e um campo de futebol abriga 13 jogadoras de um elenco de 25 do Araruama. Elas fazem parte de um sonho e carregam os seus. Neste sábado, começa o Campeonato Carioca Feminino, e o clube faz sua estreia na segunda-feira, contra o Flamengo , na Gávea, depois de cinco anos (quando foi 20º colocado entre 29 participantes) sem disputar competições femininas e com exemplos que norteiam a realidade desse universo. Jogar futebol é um sonho para a maioria das crianças, mas a realidade é dura com quem tenta realizá-lo. Principalmente, se for uma mulher. As oportunidades são poucas, e quem se aventura precisa superar obstáculos gigantescos, como o time do Araruama precisará vencer. Sob o comando do técnico Raffaele Graniti, de 70 anos, que nasceu na Itália, mas trabalha com futebol no Brasil há mais de 30 anos, o elenco foi montado aos poucos.
Boa parte das jogadoras é local ou de cidades próximas, candidatas que passaram por testes há cerca de dois meses. Outras foram contratadas com o intuito de aumentar a média de idade. O Flamengo tem jogadoras consagradas, como a atacante Cristiane e negociou recentemente a meio-campo Duda com o Al Nassr, da Arábia Saudita. O Araruama tem em seu elenco quem inicia a busca pelo sonho de viver do futebol, quem se divide com outros empregos e aquelas que já pensam no futuro sem a bola nos pés.
Apenas a goleira Bruna Almeida, de 34 anos, campeã da Libertadores de 2015 com a Ferroviária, tem contrato profissional registrado na Federação de Futebol do Rio. As outras estão como amadoras. O presidente do Araruama, Álvaro Michele, destaca a dificuldade de profissionalizar o futebol feminino devido à falta de investimento e apoio governamental. A equipe é regional, com muitas jogadoras da região, o que dificulta alcançar um nível ideal de profissionalismo.
Determinada a realizar seu sonho de ser jogadora de futebol, Camylla foi parar no Araruama graças a um anúncio em rede social feita por Adílio, que havia defendido o clube. Ele pedia vídeos de interessadas em se juntar ao time feminino. Aos 19 anos, deixou Natal por uma chance de se tornar profissional. As lágrimas correm ao falar de sua trajetória e da esperança de dar uma casa para a mãe.
O presidente do Araruama, Álvaro Michele, destaca a dificuldade de profissionalizar o futebol feminino devido à falta de investimento e apoio governamental. A equipe é regional, com muitas jogadoras da região, o que dificulta alcançar um nível ideal de profissionalismo.
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