Foto: Divulgação/Flamengo
O Clube Regatas do Flamengo lançou na noite desta quarta-feira mais um importante e inovador projeto voltado ao esporte olímpico, o P.A.I.S - Plano de Apoio à Inserção Socioprofissional. O programa visa trabalhar a carreira do atleta não apenas durante seu período de atividade, mas também, e principalmente, depois, ajudando na inserção no mercado de trabalho, dando mais opções para os participantes, em cadeiras que podem sair totalmente do seu mundo como competidor.
O P.A.I.S é um braço do Cuidar (Centro Unificado de Identificação e Desenvolvimento de Atleta de Rendimento), cuja função é aprimorar a interdisciplinaridade no esporte, unindo o treinamento de atletas com trabalhos de diversas áreas do esporte atuando em conjunto, que complementem a formação de cada um. Com o novo projeto, o atleta terá um suporte mais voltado à inclusão sócio-laboral, podendo conciliar seus treinamentos com estudos e trabalhos, se preparando para um futuro fora da carreira de atleta, mesmo nenhum dos dois esteja ligado.
O remador Neemias Marques é o primeiro atleta contemplado e embaixador do programa no Brasil. No Flamengo desde 2011, o remador de 21 anos terá a oportunidade de estudar gastronomia na França e também de manter seus treinos na modalidade, sem perder o ritmo nos barcos, trazendo também talento e experiência para os remos rubro-negros.
"Quando comecei a fazer o curso de gastronomia, eu tinha muita dúvida do que iria fazer na minha vida. Se eu fizesse educação física, seria algo que eu não gostaria. Eu gosto de cozinhar. É algo que faço desde a infância e me dá prazer. Como eu remo no Flamengo, a vinda do Stèphane Durand foi muito importante e onde surgiu a oportunidade. Ele me via treinando, gostava de me ver treinando e perguntou o que eu gostava de fazer fora daqui. Falei da gastronomia, e como ele tem muito conhecimento, me ajudou bastante", disse Neemias, que ficará um mês em Marselha, treinando e cozinhando.
A idealização do projeto veio de uma conversa de Alicia Campana, socióloga do esporte, e do Diretor de Esportes Olímpicos do Flamengo, Marcelo Vido. O papo começou em abril de 2017 e agora foi oficializado com a assinatura do projeto. Para Vido, não só ajudar atletas, mas toda a ideia tem como função preparar cidadãos para o Brasil, algo que ele mesmo sentiu falta durante sua carreira como jogador de basquete.
"É um desafio muito grande para o Flamengo lançar um projeto tão inovador como esse. Eu fui atleta olímpico e conseguia conciliar educação, escola e esporte. Sempre acreditei no esporte como meio para ajudar no desenvolvimento do jovem. Por muitas décadas ficou evidenciado que o esporte só pensava no resultado. Sim, é preciso formar atletas, mas precisa formar cidadãos também", disse Vido, explicando que o projeto não se trata apenas de ajudar quem está encerrando a carreira como atleta, mas trabalhar toda a transição e o pensamento da vida do competidor desde cedo.
"Quando o atleta para, ele fica muito fora do mercado de trabalho. É uma transição complicada. Precisamos ajudar quem está neste processo e procuramos modelos para isso. Mas não só para quem está no fim. Tem que ajudar que tem 20, 18 anos. Começar a estar atento e entender que pode, sim, conciliar ao treinamento a sua inserção laboral. É um trabalho de longo prazo. Queremos disseminar isso para que daqui alguns anos, todos tenham a consciência de que é um trabalho importante", completou o Diretor de Esportes do Flamengo.
A seleção dos atletas que participarão do programa será feita seguindo critérios sociais, técnicos e também do plano de vida de cada um, segundo Alicia Campana, socióloga que montou o P.A.I.S junto com o Flamengo. Para Alicia, cada participate será muito bem analisado, em conversar com técnicos e companheiros, antes de se juntar ao plano.
"É um projeto muito individualizado, onde analisamos as necessidades de cada atleta e pela recomendação de técnicos, dos colegas, quando algum deles manifestar a necessidade de suporte na sua trajetória. Este é o primeiro ponto de encontro. A partir daí, eles precisam responder a critérios como idade, maturidade no projeto de vida, necessidade estrutural de nível educacional e estrutural, antes de se juntar ao programa", explicou.
O primeiro passo foi dado. Neemias já está a caminho da França. É o Flamengo mais uma vez incentivando e apoiando do esporte olímpico nacional, em mais um projeto inédito. Como finaliza Izabel Miranda, gerente de ciências do esporte do Cuidar, "é projeto inovador que nenhum clube tem. O Comitê Olímpico do Brasil tem um parecido, mas pensando mais no final da carreira. Nós estamos preparando o atleta desde o início. Queremos formar o atleta integralmente como atleta cidadão brasileiro".
Comentários do Facebook -