Estudioso ao extremo, de passar madrugadas analisando o próximo adversário. De olhar os jogos de outros times para ver o que os treinadores estão aprontando. De juntar relatórios e mais relatórios até finalmente poder falar "ok, aprendi o que precisava sobre o próximo rival" e, aí sim, descansar um pouco. Este é Mauricio Barbieri, técnico do Flamengo, que assumiu a equipe de forma interina, em abril e, desde então, classificou o time para as oitavas de final da Conmebol Libertadores, para as quartas de final da Copa do Brasil e colocou o Mais Querido na liderança do Campeonato Brasileiro, quatro pontos à frente do segundo colocado, antes da parada da Copa do Mundo.
Interino até o dia 28 de junho, quando foi efetivado no comando da equipe, tem a missão de colocar o nome na história do clube, como outros antes o fizeram em situações parecidas. Aliás, ser interino no Flamengo é o primeiro passo para colocar o nome no panteão dos campeões.
No comando da equipe, já são 19 jogos, 11 vitórias, seis empates e apenas uma derrota, além dos objetivos já alcançados. Satisfeito? De jeito nenhum. Barbieri não descansa e quer mais.
"É um momento muito especial, é o maior desafio da minha carreira. Poder assumir com esse apoio a torcida é ainda mais especial. É um passo importante, mas não definitivo. O objetivo principal é continuar trabalhando o máximo possível para que o clube possa alcançar os objetivos tão importantes".
Para alcançar os objetivos, Barbieri estuda. Não só o próximo jogo, mas também o anterior, os demais técnicos, times e o futebol como um todo. Não só para saber o que fazer, mas como foi feito. Histórico é importante e o treinador considera que acumular a bagagem do conhecimento é crucial para saber como agir num momento futuro. Reconhece a importância dos grandes nomes da profissão e procura sempre saber acompanhá-los. Aos 22 anos, chegou a fazer estágio com José Mourinho, no Porto, em 2004, onde viu de perto a equipe portuguesa ganhar tudo, inclusive o Mundial de Clubes. Além disso, o estilo de toque de bola, pressão constante e ataque e defesa em bloco do Flamengo não é à toa. Há um pouquinho da influência do "professor" que mais admira: Guardiola.
"Procuro ouvir e estudar o que os técnicos têm a dizer. Gosto de olhar para trás e ver o que já foi feito para me inspirar. Sempre tive uma admiração e respeito pelo Paulo Autuori (técnico do Flamengo em 1998), pelo Telê Santana (1988-1989), Felipão, Parreira. Lá de fora, o Guardiola agregou muito ao jogo. Marcelo Bielsa, da Argentina, o José Pekerman, da Colômbia, o italiano Carlo Ancelotti. Poderia falar vários. Mas no geral, eu procuro olhar e me aprimorar com todos eles. Porém, a escola do Guardiola é a que eu tenho mais identificação", enumerou.
E aprendeu bem. Seguindo o cardápio de Guardiola, o Flamengo ataca e defende sempre com muitos jogadores. Quem acompanha seus treinos percebe que é uma marca do trabalho. Forçar a pressão na marcação da saída de bola, corrida constante, time se dedicando em várias posições. O atacante não é só mais atacante como o meia não fica preso ao meio-campo. Paquetá joga como segundo volante e é um dos artilheiros da equipe. Renê defende e também se apresenta como um dos principais atalhos ofensivos da equipe. E a participação de todos é cada vez mais frequente, como o exemplo do gol de Felipe Vizeu contra o Fluminense. Foram 57 segundos de posse, 50 toques e nove jogadores participando até a conclusão do atacante.
"O Flamengo tem atacado muito bem e por isso também tem defendido melhor. A ideia é que os 11 participem no ataque e na defesa, assim a gente continua sendo forte para atacar e forte para defender", resumiu o treinador, que não gosta de assumir os louros sozinho. Barbieri sabe que o futebol depende de um trabalho em equipe e uma de suas principais características passa exatamente por reconhecer e acompanhar todos à volta.
"Eu tenho muito carinho e respeito por todos os profissionais e a preocupação de reconhecer o envolvimento de todos, seja dentro de campo, como na cozinha, na limpeza. São todos fundamentais como a gente. É dedicação, respeito, trabalho e companheirismo", explica o treinador, que mantém seu estilo fora do Ninho do Urubu.
Com a pausa na Copa, Barbieri teve mais tempo para trabalhar e estudar. E, claro, ficar com a família. Com o calendário apertado, ele mal consegue passar um tempo em casa e curtir a vida de pai. Mas, quando está com os seus, se dedica totalmente.
"Sinto muito a falta dos familiares e eles também sentem a minha. A ideia é sempre estar próximo, ser pai e ser mãe junto, porque minha esposa tem que ser pai também quando não estou lá".
Com foco e pensamento nos resultados, Barbieri continua o processo de construção da equipe que lidera o Campeonato Brasileiro. Com ideias novas, referências e muito trabalho, se mostra como um nome do futuro do futebol nacional. E considerando o histórico do Flamengo, a Nação pode ficar otimista e esperançosa.
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