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A temporada de 2023 é disparadamente a pior da gestão de Rodolfo Landim. O errático Flamengo começou sua sucessão de equívocos no dia 25 de novembro de 2022, quando foi anunciado que Dorival Júnior não teria seu contrato renovado. Não, esta opinião não tem nada a ver com o fato de Dorival ter derrotado o Rubro-Negro na decisão da Copa do Brasil.

Landim justificou em entrevista à CNN que um dos fatores que pesaram para a saída de Dorival, que liderava um processo com futebol bem jogado e de grande aceitação entre os atletas, foi a queda de rendimento no Brasileiro após as conquistas da Libertadores e da Copa do Brasil de 2022.

O ge apurou que o presidente se incomodou também com o fato de que grande parte dos titulares já gozava de férias extraoficialmente após o Flamengo levantar as copas. Mas não caberia ao próprio Landim evitar tal acomodação? Ou até mesmo a Marcos Braz e Bruno Spindel?

Saída de Dorival Júnior à parte, a substituição foi muito mal conduzida. O Flamengo apostou em um treinador que fizera um trabalho razoável no Corinthians e com DNA nada compatível ao do clube. Vítor Pereira, que havia colecionado problemas de relacionamento no Corinthians, chegava para assumir a vaga de um treinador que era adorado por seus comandados. Obviamente não deu certo.

O que era ruim piorou com Jorge Sampaoli. Pouca comunicação, pouco futebol e uma tecla excessivamente batida de que o Flamengo vivia uma crise quando assumiu como justificativa. Neste domingo, o argentino usou a mesma muleta e citou até derrota para o Maringá, na primeira eliminatória do time na Copa do Brasil 2023.

Faltou timing à diretoria no fim de julho. Caracterizada por trocar treinadores frequentemente, resolveu segurar Sampaoli após o episódio em que o preparador Pablo Fernández deu um soco no rosto do centroavante Pedro. A partir dali, o vestiário ruiu, Pedro perdeu espaço num primeiro momento, e Sampaoli precisou de 16 dias para conversar com a vítima. Vale lembrar que, em manifesto, o treinador colocou Pablo e Pedro no mesmo balaio.

O ano do Flamengo é terrível, mas o primeiro tempo da final da Copa do Brasil deixou no ar a possibilidade de reviravolta no Morumbi. Jorge Sampaoli escalou bem ao colocar quatro homens no meio-campo, e o São Paulo acabou acuado em seu campo de defesa.

Gerson, convocado para a seleção brasileira no sábado, era o fio condutor da equipe. Finalizava com perigo, mudava de direção e era sempre uma opção interessante pelo lado direito do meio rubro-negro. Seu posicionamento era ofensivo e, por vezes, dava pinta de ponta-direita.

Se o Coringa era o dono do time, Pedro, efetivado como titular, vacilava. Errava passes bobos e não dava sequência às jogadas num primeiro tempo, mas acordou no fim da etapa inicial. Chutou uma bola com perigo, participou do gol de Bruno Henrique com passe no timing certo e ainda deu bonito lançamento para Gerson por pouco não ampliar - o camisa 20 acabou flagrado no impedimento por centímetros.

Erick Pulgar era outro à vontade em campo. Desarmava, participava da construção de jogadas e ajudava a empurrar o Flamengo ao campo ofensivo.

De tanto fazer o São Paulo andar para trás, o gol veio aos 43 minutos. Gerson recebeu no campo de defesa, girou e passou. Pedro segurou a bola até o momento certo para acionar Pulgar. O chileno bateu bonito, Rafael espalmou, e BH abriu placar.

O problema é que nos acréscimos, uma falha coletiva da defesa culminou em gol são-paulino. Rossi saiu mal do gol, e ninguém ficou com o rebote. Rodrigo Nestor acertou um chutaço indefensável e empatou.

Se o Flamengo foi para o intervalo como melhor time em campo apesar do empate sofrido, a volta não foi no mesmo nível. O time era menos incisivo e tinha dificuldade para criar.

Vieram as mudanças, e Sampaoli mexeu bem novamente. Tirou Thiago Maia e apostou em Luiz Araújo para fazer a pressão no campo adversário e agredir com chutes de fora da área e penetração. Luiz até mexeu com a cara do Flamengo , quase deu assistência a Arrascaeta em chute cruzado, mas parecia muito sozinho num momento em que o uruguaio já havia arriado o pneu e Bruno Henrique também sofria na outra ponta.

Resultado é que o Flamengo mais uma vez acabou esbarrando no status "deserto de ideias". Teve chance com Fabrício Bruno no início do segundo tempo e também com Erick Pulgar e Ayrton Lucas no acréscimos da mesma etapa. Gabigol entrou no lugar de Pedro, porém fez pouco. Everton Ribeiro e Victor Hugo, que entraram no fim, pouco ajudaram.

Pouco, porém, suficiente para um Flamengo que nunca foi confiável em 2023.

O Flamengo errou ao contratar pouco . Gerson, Luiz Araújo, Allan e Rossi chegaram, mas dos quatro somente o camisa 20 se firmou como titular absoluto.

O Flamengo errou ao trazer Vítor Pereira.

O Flamengo apostou com razão em Jorge Sampaoli, mas errou ao não tirá-lo no momento em que o vestiário foi perdido.

O Flamengo errou, errou e errou. Confiou no histórico recente e não foi humilde o suficiente para identificar quando se equivocara. Minimizou fracassos e vexames pautado no extenso cartel de títulos que essa diretoria, com competência, conquistou nos quatro primeiros anos de gestão.

Em 25 de setembro, o Flamengo tem mais 14 rodadas de Brasileiro pela frente e a luta por vaga na Libertadores, algo que nos últimos anos era praticamente certeza. Mas sabe-se que independentemente do que acontecer nesta reta final do turbulento 2023 não haverá motivos para se comemorar.

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