Luiz Fernando Gomes: Torcer, para que torcer?

5/3/2017 10:03

Luiz Fernando Gomes: Torcer, para que torcer?

Colunista do LANCE! mostra que confusão sobre a presença de torcida na decisão da Taça Guanabara influencia na opinião dos entrevistados na pesquisa feita pelo Datafolha

Luiz Fernando Gomes: Torcer, para que torcer?
Final da Taça Guanabara terá rubro-negros e tricolores (Foto: Montagem Lance!)

A confusão generalizada que precedeu ao Fla x Flu deste domingo, e uma pesquisa sobre torcidas divulgada essa semana em São Paulo, pelo Instituto DataFolha, aparentemente não tem nada a ver uma com a outra. Mas só aparentemente. As duas coisas estão, na verdade, ligadas umbilicalmente. Uma explica a outra.

A pesquisa mostrou que 24% dos paulistanos já não torcem por time algum. No Rio, embora não haja números atualizados, a situação não deve ser muito diferente. E isso ocorre, não porque o brasileiro deixou de gostar de futebol. Mas, trapalhadas como as da final da Taça GB e o desrespeito constante por que passa, estão, definitivamente, cansando o torcedor.

Mas há dados ainda mais alarmante na pesquisa do DataFolha.

Mesmo entre os que acompanham futebol, cresce, ano após ano, o percentual dos que não sabem citar, sequer, três nomes de jogadores de seu time. Sim, não estamos falando da escalação completa – coisa que boa parte de nós tinha sempre na ponta da língua – mas de apenas três, três jogadores. Foram 60% de são-paulino, 59% de palmeirenses, 51% de corintianos e 49% de santistas desinformados.

São tragédias brasileiras.

Motivos não faltam, nem para deixar de torcer para um clube, nem para explicar por que o torcedor simplesmente desconhece os ídolos do seu time. Só para tratar de alguns:

- É inadmissível tricolores e rubro-negros, por exemplo, não saberem até 48 horas antes de um jogo decisivo, se poderiam ou não ir ao estádio torcer por seus times. Ninguém suporta mais isso. Como insuportável é o descaso com que o assunto da violência no futebol vem sendo tratado ao longo dos anos, com atitudes de rompante e sem nenhum planejamento ou estratégia minimamente estruturada. Prevalecem apenas as decisões antifutebol como a adoção da torcida única ou a proibição das bandeiras, como em São Paulo.

- Enquanto a CBF insiste em manter o calendário daqui em desacordo com o resto do mundo, dificilmente um clube começa o Brasileirão com o mesmo time que termina. A janela europeia abre no meio da nossa temporada e talentos se vão, em plena disputa do mais importante campeonato do pais. Essa instabilidade afeta o rendimento, os resultados, e gera desconfiança e insegurança permanente no torcedor.

- A realização de jogos, especialmente no meio de semana, tarde da noite, é um desinvestimento no público infantil, aquele que desde pequeno precisa ter contato, ver seu time jogar para desenvolver laços. Eles não aguentam ficar acordados. E, para completar, impedido por pais temerosos, já não podem sequer usar nas ruas a camisa do seu clube, expor sua paixão. E as trocam por Real, Barça e Bayern...

- Os garotos formados na base, cada vez mais cedo, antes mesmos de se tornarem profissionais em alguns casos, já deixam o clube e o pais. Assim, os ídolos formados em casa e que fazem carreira nos clubes são cada vez mais uma exceção. Gerações identificadas com uma camisa, como a de Pelé, Zico, Ademir da Guia, Roberto Dinamite, Jairzinho, Tostao, Falcão, Rivellino, mais recentemente Marcos e Rogério Ceni, é que ajudavam a transformar torcedores em apaixonados. É o que fazia e faz toda a diferença.

- A desestrutura financeira da maior parte dos clubes leva a uma mudança de boa parte do elenco ao fim de cada temporada. Vender jogadores se tornou fonte de renda necessária para fechar as contas. E, com essa alta rotatividade, fica difícil criar vinculo do torcedor com os jogadores. Situações como a do Palmeiras e do Flamengo, que mantiveram a base do ano passado quase intacta, são cada vez mais raras.

- Por fim, um problema cultural: o futebol está ficando chato. Jogadores que se identificavam com o torcedor pelo carisma, o bom humor e a provocação sadia, como Romário, Renato Gaúcho, Vampeta, Túlio Maravilha, Paulo Nunes, Edilson e outros, praticamente entraram em extinção, substituídos pelo comportamento politicamente correto que não empolga nem o mais conservador e careta dos torcedores. Se driblar virou desrespeito e fazer firula, humilhação, torcer muitas vezes, virou chateação.

357 visitas - Fonte: LancNet!


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